sábado, setembro 6

Diário de Escrita 20 - Já posso me dizer escritora?

 

 Esse é o último diário de escrita postado nesse blog. Os próximos estarão no meu Substack

 ♪

Eu me faço essa pergunta há muito tempo. Antes, de forma mais boba e descompromissada, quando escrevia fanfics. Hoje diferente, com um certo peso nos ombros e autocrítica afiada, mas não o suficiente para cortar a névoa densa que impede que eu me veja assim.

Quando comecei a escrever o livro com a Joana, o discurso era “vamos escrever na força do ódio, por nós mesmas”. Foi a chama inicial, uma forma de conseguir um encerramento para uma história (e envolvimento) que durou uma pandemia inteira.

Escrevia quando o hiperfoco me engolia e eu esquecia até de comer, saíam milhares de palavras, e então parava por semanas. Não tinha nenhum tipo de obrigação autoimposta ou disciplina para isso. Não via como um trabalho ainda, mas como uma forma de lidar com a ausência.

Então descobri as bookredes e alguma semente se plantou na minha cabeça e começou a crescer. Chamo essa mudinha de caraminhola. Conheci escritores incríveis, li mais nacionais, descobri um mundo que não fazia ideia de que existia. Para mim, fantasia nacional se resumia ao Leonel Caldela e Karen Soarele, ao pessoal da Jambô e nada mais (nem sabia que o Spohr era brasileiro!). Descobri a autopublicação, as prestadoras de serviços, os golpes e tudo mais que contempla o cenário literário atual. Era muita coisa! E eu era quase nada. Não, ainda longe de me chamar escritora.

Foi uma virada de chave me embrenhar no meio disso: eu precisava aprender sobre a parte que não envolvia sentar a bunda na cadeira e surtar com a criação em si. Edição, revisão, diagramação, capa, brindes, artes, “que marcador de páginas lindo!”, leitura beta-crítica-sensível! Ufa! Tem mais alguma leitura? A minha também, mais a da Joana… e quem vão ser os betas? Vamos criar uma lista!

Ótimo! E agora? Talvez eu precise de um curso. Não tenho nenhum ensino teórico além dos semestres de Letras que fiz um tempo atrás, vamos ver! Se eu estudar e escrever, talvez possa me chamar de escritora! E então vieram os cursos da Editora Seiva. Sem palavras para o quanto o Daniel Lameira me abriu os olhos e as portas desse mundo. Em seguida, uma graduação de Escrita Criativa — quase golpe!! — que não aceitei continuar por não estar aprendendo nada que pudesse realmente me ajudar. Eles queriam ensinar como usar IA pra criar, acredita?! Por fim caí na Metamorfose, com o curso Formação de Escritores, onde tive (e continuo tendo) contato com muitos profissionais incríveis e colegas talentosos.

Mas do Metamorfose o que mais me marcou foi uma frase do Marcelo Spalding que dizia “ser escritor é ser lido”, ou algo muito perto disso. Muito que bem.

O sentimento de ser um impostor é paralisante. Como alguém extremamente perfeccionista e apaixonado pela história que escreve, me expor sempre foi uma tarefa dolorosa, em todos os âmbitos. O melhor conselho que tirei de tudo que vi e li do professor Assis Brasil, foi o de que o autor deve “se afastar” da história. Amar demais deixa a gente cego. Mas o que eu faço se me cobro mais que tudo e sempre acho que tem algo a ser criticado e melhorado? E quando, ainda assim, amo profundamente o que crio e preciso de esforço sobre-humano pra mudar? (oi, possível neurodivergência!) Sei lá. Ainda não descobri, mas se souber estou aceitando dicas. Uma vez alguém disse, acho que foi em uma das aulas do Vida do Livro, que o autor precisa decidir parar — do contrário, o livro sempre terá algo a ser melhorado e editado. Que não existe criação perfeita. Um dia quem sabe abraço isso sem me contorcer.

Eu aprendi muito sobre o mercado editorial, estudei e li os livros mais indicados e elogiados sobre escrita, investi em cursos, escrevi muito… e ainda existe certo pânico de me dizer escritora. Que merda! Mas é um processo demorado, todo mundo diz, e eu sei disso.

Por causa dessas coisas o livro andava a passos lentos. Não só por estar procrastinando a exposição de ter um texto finalizado e pronto para ser lido, mas pelo tempo investido em cursos também. Uma bola de neve crescendo e ameaçando soterrar a criação. Foi aí que segurei a Joana pelos ombros e disse “a gente precisa de um dia fixo pra escrever”. Sem desculpas, sem cansaço, sem choro. Um dia da semana para a gente sentar juntas e escrever. Escrever, editar, debater sobre a história. Foi o santo remédio que nos fez deslanchar o manuscrito! Batemos as cinquenta mil (!) palavras!

Quem diria que sentar e escrever faria a história andar e a confiança aparecer!

Agosto escrevi 16.813 palavras. Foi um recorde pessoal e, olhando para trás, não sei por que parecia tão difícil antes. Professores e colegas estão lendo meus textos. A Joana também, quando revisa. Vez ou outra me lembro de uma amiga que sempre comenta sobre uma fanfic que fiz lá em 2018 e caraca! É um sentimento bom. (Obrigada de coração, Gabu!) Hoje, escrever se parece mais com um trabalho — ainda que prazeroso — do que com a mera vontade de provar que dava para fazer. Mais do que só um hobby no tempo que eu achava para escrever. Quero que nosso livro seja um produto bom, cheio de carinho e atento aos detalhes.

A pergunta inicial segue viva. Já posso me dizer escritora? Ainda não me sinto preparada para bater no peito e mudar meus nicks para “autora Yuri” ou “escritora Yuri” e coisas desse tipo, mas… é, eu me sinto bem mais próxima! E tá tudo bem.

 

 Yuri Moretto
06/09/2025 

 

sábado, fevereiro 15

Diário de Escrita 19

 Bom dia!

 

O tema em pauta de volta às origens: criação de mundo.

Dessa vez, regras de magia. Ah! Quase dá pra sentir o cheiro, o gosto. Os sons! Eu adoro criar mundo.

Não que as regras da magia tenham ficado nas minhas mãos: a Joana é a conjuradora do livro, então ninguém melhor que a verdadeira-maga-elise pra dominar esse assunto. (Mas obrigada Sanderson pelos ensinamentos!)

 

Hard Magic, Soft Magic. Paladinos tem magia? Hm... Acho que não aqui. E como a gente separa os pactos, a fé, o estudo e o que é inato? Risca, risca. Brainstorming até a meia-noite. (...)

E se houver milagres? Sim, ótimo. Ela agora é milagreira; pobres dos que não são.

 Magia elemental, magia divina, magia natural, magia arcana — e se a gente chamar de magia de cordel? Faz sentido, eu juro! —, magia congênita, magia profana (ou seria magia sombria?); ela não é o mesmo que magia necromântica... Magia de centelha. Temos uma maldição? Uhum.

A história inicial se tornou uma memória distante. Bons tempos o do Sindicato da Fumaça, mas acho que melhor tempo que o desse livro não há. Finalmente os terrenos férteis que prometi pra Anelissa.


Os estudos seguem e o novo mundo vem nascendo aos poucos.

 

Yuri Moretto

15/02/2025 

 

sábado, janeiro 18

Diário de Escrita 18

 Primeiro post de 2025! Que loucura pensar nisso. Já faz uns bons dois meses que não dou as caras, mas isso também não significa que não fiz nada mais sobre escrita.

Ainda lá em novembro conseguimos finalmente chegar na página 100 do livro. O que foi um marco! Ainda fico admirada com o processo, como uma ideia boba — dita por brincadeira — começou a virar um livro de verdade. É surreal!

  
Continuamos, entrei no NaNoWriMo no ano passado (não que eu tenha feito 50.000 palavras, mas me rendeu três capítulos!), revisa daqui e revisa dali. Mais capítulos vieram. Me diverti horrores com os capítulos escritos pela Ju. E 2025 entrou com essa energia.  

 
O professor Assis Brasil sempre lembra que não se deve morrer de amores pelo seu manuscrito, mas às vezes, inevitavelmente, me permito olhar e reler com o coração quentinho. "Tem tanto potencial!"
 
 
Mas só de amor não nasce um livro, ao menos não o livro que a gente espera ter em mãos. Então estudei. E sigo estudando. Atualmente estou lendo A Jornada do Escritor do Christopher Vogler , relançado pela editora Seiva. Tem sido interessante anotar os estudos no obsidian e por mais que seja algo com o qual já estou acostumada — a Jornada do Herói —, é sempre bom ter material de apoio pra voltar e ler e redesenhar a rota.
 

No nosso livro terão vários heróis e cada qual terá sua jornada singular, que vai e volta e remonta a Jornada como a gente aprende nos teóricos. É divertido demais pensar nisso e ver o mundo criando vida. Mas que isso torra os neurônios... Torra!


Yuri Moretto
18/01/2025


sábado, novembro 2

Diário de Escrita 17

 Boa noite! Espero que esteja bem.

Novembro começou e felizmente achei um grupo legal para compartilhar os desafios (inspirados) no NaNoWriMo. Eu estou bastante animada para esse final de ano, pois cada vez mais tenho encontrado satisfação e felicidade no que tenho feito. Às vezes tenho até medo de zicar essa alegria falando tanto, mas é inevitável após um período tão complicado. Até água tenho tomado regularmente!

Desde o dia 01, escrevi 2.313 palavras do livro. No meio disso, consegui escrever o melhor diálogo até então. Eu me senti tão conectada àquela cena, que passei horas eufórica com isso! Foi uma satisfação enorme! Também recebi ótimos feedbacks sobre ela, o que me deixou ainda mais confiante. Finalmente parece que o processo entendeu que eu tô confiando nele!

Ao todo, até então, são 17.308 palavras no livro. Mais 10.495 palavras na "bíblia", que é como carinhosamente chamamos o livro de referências do mundo do livro.

Saindo um pouco da escrita: hoje fui na Feira do Livro. Fazia anos que não ia em uma com um foco.

Eu havia planejado comprar 1 (um) livro, da Maristela Deves, "O Mistério da Dama Fantasma". Porém durante o passeio vi uma pessoa com um cabelo lindíssimo que me chamou a atenção e, quando estava na fila de autógrafos, descobri que a pessoa era também uma autora com lançamento. 

 
A Jonnie Dantas é aquele tipo de pessoa magnética, carismática e com um livro lindo: "Por Alfie - até o último acorde". Ganhei um monte de brindes fofíssimos e já estou louca pra ler.

Não só isso, mas também fui atraída com força para o título "A Cidade dos Fetos Sem Pai", da Claudia De Franceschi. Eu fiquei pensando nesse livro por quase uma hora. Pra completar, a autora estava autografando ao lado da fila da Dama Fantasma. Comprei também. E mais uma vez encontrei uma escritora muito querida e atenciosa.


Durante as horas mais livros foram caindo na minha mochila: "Escreva!" dos autores Pedro Gonzaga e Jane Tutikian, "A Vegetariana" (que eu estava louca pra comprar!) da Han Kang, "O Despertar da Lua Caída" de Sarah A. Parker — que tem uma edição de capa dura belíssima, diga-se de passagem —, e ainda "Sonho e Pesadelo" da Marina Dutra, o qual vi escondidinho e solitário na prateleira mais baixa da última banca que visitei, quando já estava indo embora.

Fui querendo 1, encontrei ao fim 7 maravilhas. (E terminei gastando tudo que eu tinha!)

Ótima experiência, me fez perceber o quanto estou feliz ultimamente lidando com livros, estudando e treinando com pessoas incríveis. Simplesmente um ótimo início de mês.



Yuri Moretto

02/11/2024



sábado, outubro 19

Diário de (quase) Escrita 16

Bom dia! 

 

Essa semana foi um caos. Não sei se estou doente, com burnout ou o que, mas estive exausta. Mal consegui estudar desde segunda-feira, mas seguimos na luta.

 

Ainda não havia compartilhado aqui, mas preciso: consegui a bolsa de 80% do curso Vida do Livro da Seiva! Uma das melhores notícias que tive nos últimos meses, quase saltitei de alegria e tive a primeira aula na quinta-feira. Foi incrível!

 O curso tem um conteúdo denso e, de certa forma, eu sinto que superestimei a minha energia para conseguir dar conta de tudo, mas deus! Eu vou dar meu máximo! O curso é tão completo, tão rico! É uma ótima oportunidade que surgiu como se fosse o mundo dizendo "olha isso aqui!". É fácil acreditar que o universo conspira para as coisas acontecerem de vez em quando.

 

No mais, finalmente chegou nosso fichário da escaleta! Agora vem a parte trabalhosa de escrever card por card e recortar cada um para encaixar as cenas. Mas faz parte e eu amo fazer cada pedacinho.

 

Yuri Moretto

19/10/2024 

sábado, outubro 5

Diário de (quase) Escrita 15

 Bom dia!


Já faz um tempo desde a última a atualização, mas cá estamos, a todo vapor. 

Nos últimos meses foquei tanto nos cursos de escrita e outras ferramentas, que acabei me esgotando muito rápido. Ainda assim, tudo tem sido de grande valia.


Esse mês iniciei a disciplina de Fundamentos da Literatura no curso de Escrita Criativa e tem sido ótimo. Muito embora eu tenha encontrado a certeza de que poesia não é para mim, cada aula tem dado uma energia nova. Além disso, participei também do Festival do Livro da Seiva, quem tem cursos ótimos nos quais ando de olho para uma oportunidade.


No mais, estivemos pensando sobre alguns pequenos problemas narrativos que vieram com a adaptação de uma mesa de RPG para o formato de livro.

Existe a barreira dos direitos autorais, adaptação de certos conteúdos e criação de pontes entre certos plots.

A escaleta ainda não está finalizada, mas descobrimos um jeito eficiente de organizar o livro de forma que tanto eu quanto a Joana possamos acessar o material e escrever sem interferir no trabalho da outra.


Pouco a pouco as coisas vão tomando forma. ♥

Yuri Moretto
05/10/2024

sábado, junho 29

Diário de Escrita 14

 Bom dia! 

Essa semana foi corrida e cheia de coisas boas! Tenho me sentido muito energizada e inspirada tanto para o livro quanto para o curso de Escrita Criativa. 

A começar pelo livro, essa semana tivemos a primeira "reunião formal para discutir a escaleta"! Percebemos com isso que vamos precisar de várias reuniões antes de, enfim, fazer a bendita.

 Conversando, começamos a decidir pontos de plot importantes, sempre olhando a linha do tempo da campanha. É muita coisa pra arrumar e corrigir, mas conseguimos cobrir 4 sessões. 4 sessões de... mais de 100 sessões jogadas...!? Mas o importante é que conseguimos definir três cenas importantes, cobrir alguns furos, definir coisas importantes sobre os personagens e preparar terreno para o que vem depois. 

Além de inserirmos cenas novas, inéditas, dos personagens, também definimos algumas coisas para a primeira investigação do grupo e para o julgamento da Anelissa na igreja. São dois pontos importantes do início e que tiveram mudanças significativas para dar profundidade para a história e abrir espaço para entidades novas, criadas especialmente para o universo do livro. 

Acredito que o resultado vai ficar bem legal e combinar bastante com as vibes do livro.

Quanto ao curso, essa semana foi intensa! Decidi que faria o artigo relacionado ao RPG e suas influências na leitura e escrita. Pouquíssimo tempo para pesquisar e escrever um bom trabalho, mas suficiente pra ativar meu hiper-foco favorito. Postei um questionário bem tímida, esperando que amigos próximos respondessem, mas consegui mais de 60 respostas em menos de uma semana! Foi muito animador! E consegui relatos de pessoas com TEA, dislexia e em outros contextos e situações nas quais o RPG foi importante positivamente. 

Não canso de dizer o quanto me senti feliz e realizada por escolher falar desse assunto. Já tenho várias ideias para atividade de extensão e TCC! 

Que as próximas semanas sigam nesse pique! 

Boas leituras a todos!

Yuri Moretto
29/06/2024